Prelúdio 2.3: Zona de Perigo

No exato momento em que pousou os olhos no filhote, Lara soube que cometeu um erro. Uma mãe nunca abandona seu filhote, e no casos dos grandes felinos isso só torna o animal mais agressivo.

A onça avançou e Lara faz um finta para tentar fugir do ataque. Ainda assim, seu braço foi atingido e ela rolou no chão. Tão selvagem foi o animal que nem mesmo Leonid conseguiu fazer mira. A onça cravou os dentes em sua perna e a dor fez com que ele deixasse a arma cair. Lara rolou e pegou a arma de Leonid, fazendo mira no animal.

"Droga" sua mente martelou em uma fração de segundo. Puxou o gatilho uma vez. Pela diferença no som do disparo, ela percebeu que não eram balas, mas dardos tranquilizantes. Isso a fez sorrir um pouco. Não esperava que um assassino como Leonid andasse com munição não letal e que, principalmente, seu primeiro instinto numa situação envolvendo um animal selvagem tenha sido buscar esse tipo de armamento. Puxou o gatilho mais duas vezes.

Tenho ajudar Noah, se ele não ficar de pé minimamente ninguém saí daqui. Vou até ele aproveitando a confusão do homem que o rendia com os problemas de incêndio.

-Calma, Noah... Vamos sair daqui! Onde estão os outros?

E vou tentando ajuda-lo a vir conosco para longe...

Temos de sair dessa, só para eu reclamar com o Léo Rocha sobre isso.

Lara levanta, sentindo o braço doer e o coração palpitar. Estavam vivos, mas sem saber o estrago que foi feito pela onça, não dava para saber por quanto tempo. Por isso ela se levanta, rasga um pedaço da blusa e protege o ferimento no próprio braço. Já fizera isso tantas vezes que o movimento é quase instintivo.

Então, ela corre em direção ao companheiro. Os cortes foram mais feios, mas ele iria viver. Ela olha ao redor. Alcança um graveto e saca sua faca, ela corta um pedaço da calça do homem. Ainda olhando ao redor, ela não pode evitar de abrir um sorriso ao avistar as brilhantes cores laranjas de uma Calêndula.

Ela se esticou e pegou uma das flores. Aquelas belezinhas eram ótimas anti-inflamatórias naturais. Pegou um gole do cantil, molhou a flor e a espremeu, deixando cair o suco sobre o ferimento. Tudo muito rápido. Preciso. Ela sabia que não tinham muito tempo, e seu modo de sobrevivência estava à todo vapor. Finalmente, ela amarrou o ferimento e fez o torniquete usando a tira de calça que havia cortado.

Lara: Isso vai segurar até chegarmos no ponto de encontro.

Foi quando ouviu o som de alguém se aproximando. Rapidamente ela sacou a arma e apontou na direção.

Era Dênis.

Lara: Não temos tempo a perder. - Olhou para Leonid. - Consegue andar?

Ela levantou e colocou a mochila de suprimentos nas costas. Foi até a onça e recolheu os dardos. Não queria que quem estivesse seguindo-os tivesse alguma pistas que eles tivessem passado por lá, e os dardos iriam denunciá-los. Quando se aproximou, notou que o filhote ainda estava lá. Ele lambia o focinho da mãe, tentando acordá-la.

Lara: Merda.

Disparou contra o filhote e, rapidamente, o pegou no colo. Não tinha certeza se o incêndio da explosão chegaria para aqueles lados, e nem se a mãe sobreviveria a uma dose quádrupla de tranquilizante. E, por isso, decidiu que não viveria com a culpa da morte dos dois. O filhote já estava meio zonzo, e ela não teve dificuldades de colocá-lo por dentro da jaqueta camuflada.

Lara: Temos que correr!

Partiu em direção da rota de fuga.

-Tah, certo, cara!  Eu sempre me operei no SUS do meu país, ou no Sírio-Libanês! Mandei um "quase" presidente para lá recentemente hahaha...

Rio sozinho lembrando do fato, depois reajusto a arma e olho a direção de onde estão correndo.

-Tá, deixa pra lá, conto isso depois...

Começo a correr atrás do sujeito já engatilhando para dar outro tiro na perna do atirador.

????: Isso é o que eu estou pensando? Vocês não foram autorizados a trazer souvenirs!

Lara abraçou o animal, e sentiu a tensão do corpo ir passando aos poucos. Sentiu a respiração dele e isso foi estranhamente tranquilizante. Então, pensou na pobre mamãe-onça, e no que havia feito com ela.

Lara: Não é um souvenir... - Disse mais para si do que em resposta para o homem. - É uma retratação.

Ficou em silêncio o resto do caminho.

Subindo no helicóptero comento.

-Acho que consegui alargar a saída novamente, nenhuma peça perdida do nosso lado como de costume... Ou tivemos?

Pergunto confuso sem saber quantos foram para essa missão.