Capitulo 1: Aquele que se mostra o mais fiel

Foi então que mais um boato chegou ao Santuário: Correu o boato que um anjo de asas douradas havia sido visto nas proximidades de Glastonbury, interior da Inglaterra. Até então tudo parecia mais uma história sem fundamentação, porém tudo mudou quando uma peça em ouro foi encontrada na região e levada até a Grécia.


Não restava dúvidas que aquilo dali era parte de uma armadura de ouro, mais precisamente a Armadura de Aquário que outrora pertencia ao Mago de Gelo, Camus. Imediatamente Ares convocou seus mais poderosos guerreiros: Byakko, Suzaku, Gembu e Seiryuu para uma reunião de emergência em seus aposentos.

- Essa é sem dúvida a prova que as armaduras de ouro se encontram nesse mundo! - Disse Gembu, o que possuía a maior força física entre os quatro. - Precisamos ir o mais rápido para lá e encontrar essa armadura, antes que o maldito do Fausto o faça!

- Devo concordar com Gembu, porém... - Interveio Byakko, a unica mulher do quarteto. - Seria um risco muito grande os quatro saírem do Santuário ao mesmo tempo para resolvermos isso. Nada garante que isso não é justamente uma armadilha para deixar esse local desprotegido e sermos enviados para uma armadilha.

- Então o que propõe?

- Simples: enviamos 4 de nossos comandados até o local para investigar essa historia. Caso seja verdade e eles encontrem uma armadura, serão considerados heróis e teremos uma vantagem em meio à guerra, mas caso isso seja mesmo uma armadilha...

- Perderemos apenas quatro soldados na batalha. - Intervem Seiryuu, que no quesito habilidade e cosmo é o mais forte e, consequentemente, aquele quem lidera os demais. - Permanecemos em nosso local protegendo o Santuário e o Mestre Ares, além de termos a certeza que Fausto está se movendo.

Todos concordam com o plano, mas faltava a autorização daquele que se colocava no topo da cadeia de comando do local, Ares. O deus fica todo o tempo calado apenas observando a discussão entre os quatro e pensando muito sobre toda a situação e foi apenas quando Seiryuu terminou sua fala que ele se levantou e começou a falar.

- Apesar de não gostar da ideia de simplesmente enviarmos Cavaleiros para uma possível armadilha, visto que de qualquer forma gastamos tempo treinando eles e, caso morram, teremos mais tempo em busca de substitutos, não podemos deixar de fato que pela primeira vez temos uma prova real da existência de tais armaduras. - Ares mantinha o elmo em suas mãos, sempre analisando e olhando atentamente para o objeto. - Sigam com o plano. Busquem entre seus homens os melhores para tal missão.


Dito isso, os Berserkers enviaram corujas para os quatro cavaleiros que julgaram perfeitos para a missão: Nantes, Yeager, Henderson e Trymes. Cada um deles recebeu a informação da missão, contendo uma foto do elmo, outra da cidade que deveriam ir e a informação sobre um contato do Santuário naquele local que lhes passaria as informações no local. Seu nome era Vivian e foram avisados para terem cuidado!

***


Ao chegarem à cidade, eles encontraram uma cidade muito movimentada e barulhenta devido à grande quantidade de jovens vindo de toda a Europa para um festival de música eletrônica que iria acontecer naquela final de semana. Além disso, muitos caçadores de criaturas sobrenaturais estavam por ali em busca do tal "anjo de asas douradas", o que fazia com que a cidade ficasse muito mais movimentada. E foi em meio a toda essa confusão de jovens bêbados, nerds esquisitos buscando o sobrenatural e uma população pacata tentando sobreviver a tudo isso que os quatro enviados do Santuário se encontravam e eles precisavam encontrar com o contato deles!

Naquela noite, Henderson estava assistindo uma Opera. Era "L´orfeo", que conta a tragédia de Orfeu que perdeu sua amada Euridice e através da musica tocada por sua lira, ele tenta salva-la das mãos de Hades.

Henderson adorava tragédias, elas eram uma maneira de explicar ao homem comum de maneira lúdica as coisas mais básicas da vida: Amor, odio, paixão, coragem, entre tantos outros... Mas aquela noite em especial, Henderson sentia-se enfadado... Ja fazia um tempo que não trajava sua armadura de Hydra para uma missão. Ele sentia o chamado da batalha bater-lhe no peito, mas um guerreiro de verdade só luta quando se é necessario, é por isso que os cavaleiros eram uma classe da mais alta estirpe. Isso os separava dos barbaros e arruaceiros.

O cavaleiro de Hidra então foi a sacada terminar de tomar seu vinho caro. Sua acompanhante estranhou a atitude do companheiro e pediu para que ele voltasse ao anfiteatro mas Henderson disse que queria ficar mais alguns minutos sozinho e assim ela o deixou. Logo a coruja enviada pelo santuario traz a mensagem. O elmo da armadura de Aquario tinha aparecido misteriosamente numa cidade da Italia. Haveria uma correspondente na cidade que encontraria os cavaleiros e seu nome era Vivian... Henderson guardou a carta e a foto do elmo de aquario num bolso interno de seu paletó e sem delongas deixou o anfiteatro. Não preocupou-se com sua acompanhante, afinal para a moça o que importava mesmo era o dinheiro oferecido pelo mesmo e não sua companhia, portanto o Cavaleiro de Hidra arrumou suas coisas e partiu imediatamente ao local marcado.

__________________________________________________________________________________________________________________

No local, Henderson nota que já havia chegado outros tres cavaleiros. Ele por sua vez atrasou devido ao voo. Mas tudo bem, pelo jeito ele não perdera muita coisa.

- Saudações cavaleiros. Meu nome é Henderson e sou o Cavaleiro de Hidra. É um prazer poder trabalhar com vocês... Por acaso nosso contato nos espera aqui ou temos que encontra-la? Se for a segunda opção poderiamos andar por esta bela cidade conhecendo as adegas de vinho entre outros locais distintos. Será ótimo fazer contatos e talvez com isso, descobrirmos mais sobre a tal Vivian e de quebra ouvir os boatos sobre a aparição do elmo de ouro.

Os cavaleiros haviam se reunido naquela pequena, porém movimentada cidade do sul britânico, onde deveriam encontrar o contato do Santuário naquele lugar e que seria o guia pela busca da armadura de Aquário. Porém, eles não tinham ideia da aparência daquela mulher, visto que a unica informação fornecida era seu nome. Além disso, a personalidade daqueles cavaleiros e suas motivações pessoais parecia ser um problema para eles trabalharem juntos.

Haviam muitas pessoas ali e qualquer uma delas poderia ser essa tal de Vivian, e além disso, ainda havia o risco da presença de algum Espectro por ali, visto que as imagens correram o mundo naquela semana. Porém, antes que pudessem perceber ou mesmo sentir a presença de alguma coisa, o grupo ouviu uma voz vinda por trás.

- Todos os cavaleiros de Ares são discretos desse jeito ou vocês fizeram um pouco de esforço?

Era uma voz feminina, porém com um forte tom de sarcasmo que a deixava bem grave. Ao olharem para a origem da voz, o grupo encontra uma jovem bem vestida, com cerca de 1,55m e um singelo sorriso no rosto.


- Deixe-me me apresentar: Sou Vivian, o contatinho de vocês por aqui! Fico feliz que tenham vindo com tanta velocidade para cá, temos muito trabalho a fazer e a presença de todas essas pessoas pode atrapalhar nossas atividades. Mas antes de qualquer coisa, vamos para um local seguro e menos cheio onde possamos conversar.

Vivian leva o grupo até um Pub próximo que, por milagre, estava relativamente vazio em relação ao resto da cidade. Ela aponta para uma mesa ao fundo do local e pede para que todos se sentem. Ao fazer isso, a garota coloca os dois pés sobre a mesa e grita para o barman:

- Crys!!! Manda 4 canecas de cerveja!!! Vocês vão pedir alguma coisa?

Enquanto aguardam a chegada das bebidas, ela começa a explicar sobre o que tem acontecido:

- Não sei o quanto vocês sabem, mas o relato desse anjo dourado próximo à cidade fez muitos curiosos virem para cá. A cidade já fica relativamente cheia essa época do ano por causa do festival de música, então todos estão tendo grandes problemas em lidar com tudo isso, principalmente a policia que precisou pedir reforços das cidades de perto. E essa aparição fez os nerds viciados nas lendas do Rei Arthur virem correndo pra cá! Esses idiotas acreditam mesmo que Camelot ficava por aqui e, consequentemente, Avalon, Excalibur e tudo mais que envolva o Arthur. - É nítido o descontentamento de Vivian com toda aquela situação. - O elmo da armadura foi confiscado pela policia e nem mesmo eu com meus contatos consegui chegar até ele para ver se é real ou não... Onde diabos está nossa cerveja? Crys!

Quando se vira para procurar o Barman, Vivian e os demais percebem que o local está extremamente silencioso e as pessoas que ali estavam pareciam imoveis em seus lugares. Ao olhar para o balção, ela percebe que está vazio.

- Que merd--

Antes que pudesse terminar a fala, o grupo sente um cosmo vindo da porta que vai pelos ares logo em seguida levando boa parte da parede principal do estabelecimento. Quando a poeira abaixa, duas pessoas se encontram diante dos escombros e não pareciam nem um pouco contentes.


- Vivian! Estamos aqui em nome de nosso Rei para leva-la a julgamento por sua traição. Você de fato se aliou aos Inimigos de Avalon e está ajudando esses enviados de Ares. Eu sou o Cavaleiro da Virtude, Bediviere! - Disse o de cabelos longos com as espadas. - E esse ao meu lado é o Cavaleiro da Benevolência, Kay. Cavaleiros de Ares não são bem-vindos em nossas terras, por isso serão eliminados nesse instante!

A dupla de cavaleiros se lança contra os cavaleiros com suas armas e armaduras.

Os Cavaleiros de Ares não perderam muito tempo e logo após o ataque já vestiram suas armaduras e se prepararam para o combate contra os dois Cavaleiros de Avalon. Trymes tenta dialogar com a dupla de guerreiros, alegando que buscavam uma propriedade do Santuario e que aqueles homens estavam colocando em perigo todos que ali estavam. Bediviere parte para cima do cavaleiro de Lotus e enquanto desfere seus golpes com as espadas, responde ao homem.

- "Propriedade do Santuário"? Não seja tolo! As armaduras de ouro pertencem à Avalon por direito! Esse foi o acordo feito entre Athena e Arthur há mais de 1000 anos atrás. Vocês levaram nosso maior tesouro para a Grécia e nunca mais o devolveram, então as armaduras devem ser entregues a nós.

Nantes foi o primeiro a atacar a dupla de guerreiros e para isso, saltou sobre uma das mesas e mirou um chute no peito de Kay, porém o homem se protegeu com o escudo e lançou o Cão de Caça para frente, indo de encontro com uma mesa ocupada. Quando estava para se chocar com as pessoas sentadas, o cavaleiro notou que havia passado direto por eles, indo para o chão.

- Não precisam se preocupar com as pessoas, graças à magia de Merlim todas as pessoas se tornam imunes a qualquer tipo de dano. Podemos passar por eles como se não estivessem ali ou eles se tornam tão resistentes quanto diamante, vai depender da situação. De forma resumida, não precisamos nos segurar para lutar!

Kay se lança no ar com o machado em mãos pronto para atingir Nantes com tudo que tem. Para um homem daquele tamanho e usando armas tão grandes quanto, ele não demonstrava nem um pouco de dificuldade em saltar ou movimentar-se como se tudo fosse feito de papel.

Ao fundo da sala, Henderson que estava próximo a Vivian, nota que a garota se colocava numa posição de combate como se estivesse pronta para sacar uma espada da bainha ou coisa parecida, mas antes de fazer qualquer coisa, uma mão vem em sua direção e a impede de fazer qualquer coisa. Quando olham, o homem que a segurava era Crys, o barman que haviam conhecido momentos antes. Crys é um homem com cerca de 28 anos, com cabelos de cor dourada presos por uma tiara. Ele estava com uma feição seria.

- Não aqui e não agora. Vocês devem sair daqui junto comigo, existe uma passagem no fundo do bar.

O homem puxa a garota pelo braço e segue na direção da porta, porém antes que pudessem dar mais que alguns passos, todos aqueles que se encontravam dentro do pub são surpreendidos pela entrada de diversas correntes de ouro vindas das paredes, teto e chão. As correntes que invadem o local ficam dispostas por todos os lados, separando aqueles que lutavam e impedindo o movimento dos mesmos. Do buraco aberto por Kay e Bediviere, um homem entra no local vestindo uma armadura dourada. Apesar da expressão calma e tranquila, sua presença transmitia uma sensação de caos, ódio e terror. Era como se todos estivessem diante de um deus.


- Então Ares mandou mais de suas buchas de canhão para encontrar as armaduras de ouro? Pensei que ele tinha entendido da ultima vez, apenas os Berserkers tem poder suficientes para sobreviver mais que dois minutos contra mim!

As correntes voltam a se movimentar e atacam a todos que estavam ali, independente de quem fosse.

A Aparição do cavaleiro de armadura dourada deixou todos paralisados por um instante. Era difícil saber se era devido ao fato de ser um Cavaleiro de Ouro, ou se poderia ser a influencia de suas correntes de cosmo que passavam por todo o local, mas todo aquele clima foi destruído por Trymes que atacou Kay enquanto o homem com o machado nas mãos buscava atacar Nandes.

Ao perceber o movimento dos dois cavaleiros, as correntes se movem mais uma vez para impedir o choque entre os guerreiros dali. Uma delas pegou Kay no ar e o jogou próximo de Bediviere, enquanto a outra vez o Cavaleiro de Pavão cair junto à seus companheiros. O homem caminhava para dentro do pub levando consigo aquela pressão poderosa que todos haviam sentido quando ele chegou.

Nandes, que possuía uma habilidade quase natural de rastrear o cosmo das pessoas era o que mais sentia a pressão daquele cosmo. Ele podia sentir a diferença entre os poderes dentre todos que ali estavam. Enquanto Bediviere e Kay possuíam um cosmo bem semelhante ao seu e dos demais cavaleiros de prata, aquele homem tinha um poder muito superior ao deles, ele se aproximava ao de seu mestre, ou então estava em um nível entre o dos Berserkers e de Ares. Não restava dúvidas, aquele homem era praticamente um deus!

- O Cavaleiro de Avalon está certo. - O homem voltava a falar, mas dessa vez com um tom completamente diferente em sua voz, a arrogancia deu lugar a uma sensação de culpa e tristeza. - Muitos seculos atrás, numa das primeiras Guerras Santas entre Athena e Ares, a deusa da justiça recorreu à Avalon em busca de ajuda para vencer. Como o continente de Lemuria havia sido destruído por Poseidon, não restava muito mais material para recuperar as armaduras destruídas, muito menos soldados para lutar. O acordo entre Athena e Arthur era simples: ele iria restaurar as armaduras de ouro e lutar ao lado dela, enquanto ela deveria devolver as armaduras de ouro ao fim da guerra e deixa-las aos seus cuidados até que o tesouro fosse resgatado.

- Foi então que a guerra acabou, Arthur morreu aos braços da deusa e nunca mais retornou com as armaduras e nosso tesouros. - Bedviere interrompe o cavaleiro de ouro e continua a historia. - E se não bastasse, vocês ainda levaram Excalibur para a Grécia!

Ele saca uma de suas espadas e a aponta para o cavaleiro.

- Não sei quem é você, mas pela armadura vejo que é um cavaleiro de ouro. Por isso só irei dizer uma unica vez: entregue a armadura e vá embora de nossas terras! Os soldados de Santuário não são bem-vindos em Avalon!

- Eis o seu engano, eu não sou um cavaleiro do Santuário. Meu nome é Shun de Virgem e respondo apenas a Hades e seu representante na Terra, Fausto de Benu! Então abaixe a sua espada, pois estamos do mesmo lado nessa batalha. Acredito que Merlim deve ter dito isso a vocês, correto? Quanto a vocês, morrem aqui! Corrente de Andrômeda!


As correntes douradas agora seguiam em direção aos cavaleiros no fundo do bar numa velocidade gigantesca, se aqueles homens não fizessem algo o mais rápido possível, aquele era o fim dos cavaleiros de Ares.