Onde está a Gata?

Oráculo estava preocupada, e deixara transparecer isso, diferente de Alfred, que mantinha a postura profissional o tempo todo, escondendo para si o sentimento com relação a Bruce Wayne. Os acontecimentos em Arkham City deixaram marcas profundas no Morcego, que mantinha pouco ou nenhum contato com o restante de seu esquadrão. Ainda mais taciturno e calado, Bruce afundou-se ainda mais no trabalho nos dias que se seguiram após a frustrada tentativa de vingança de Harley Quinn. Felizmente, os hospitais que receberam as amostras do Coringa foram rastreados e um contágio de Titan em Gotham pôde ser evitado.

Apesar disso, Bruce tinha com o que se preocupar. O Dr. Thomas Elliot estava andando por aí com a cara de Bruce Wayne. O Crocodilo ainda estava à solta. O Espantalho havia jurado vingança contra o Batman, depois dos acontecimentos no Asilo. Mas, sem dúvida, o epsódio que mais incomodava Wayne era a morte do Coringa. O sorriso inconfundível e a insuportável risada do palhaço ecoavam na mente de Bruce enquanto ele trabalhava. Os acontecimentos que levaram à sua morte ainda vinham em flashes. A expressão de Thalia, cujo corpo desapareceu depois que parte do teatro cedeu na batalha contra o Cara de Barro, o próprio Basil Karlo distorcendo-se em gelo e lama e a cura confeccionada por Victor Fries espalhada no chão.

Arkham City estava num regime de transição. Batman contribuía para evitar que o caos aumentasse, mas a transferência de presos para BlackGate era demorada e difícil, com mini-rebeliões ocorrendo o tempo todo. Gordon trabalhava da forma que podia para retirar, pouco a pouco, dia após dia, mais e mais detentos dali. Decidiram deixar os mais infames (e poderosos) por último. Foi numa dessas incursões do Morcego que ele recebeu um chamado da Oráculo, que a contragosto, lhe contara sobre o desaparecimento da Mulher-Gato, próxima do museu da cidade.

Enquanto se dirigia para o local, Batman se perguntava quantas vezes já tinha salvo a vida da ladra, ao mesmo tempo em que ela também o salvara, como no caso dos escombros da última luta contra o Coringa. Pousou no telhado que ainda estava inteiro do museu. Iniciaria suas investigações ali, já que, não muito longe, um grupo de detentos se escondia num beco perto da entrada do Iceberg Lounge.

A minha cidade precisava de mim.
Gotham sempre esteve caminhando sob o fio da navalha, mas desde os últimos ataques a cidade tem caminhado numa espiral que, se não for detida, culminará numa explosão de loucura e maldade.
Eu não posso permitir isso! Todos esses anos de treino, preparação.. Todos esses anos de dedicação.. Não posso deixar que o sacrifício deles seja em vão.. Pai, mãe, Alfred, Jason, Bárbara.... Selina...
Desde o chamado de Oráculo tenho rodado a cidade em busca de pistas sobre o que teria acontecido com ela. Do telhado do Museu eu tenho uma melhor visão do local. Começaria ali as investigações.

Oráculo, me informe se houver algum sinal em qualquer transmissão captada sobre a mulher-gato. Fique atenta também a possíveis referências à droga do Coringa. Me informe sobre os avanços.

A mensagem é curta e objetiva. Não posso deixar transparecer na voz qualquer alteração ao citar o nome dele... O Coringa conseguiu sua piada mortal. Mesmo depois de morto, ainda consigo ouví-lo gargalhando em minha mente. Espero que um dia ele descanse em paz e deixe essa cidade descansar também...
Um grupo de detentos tenta se esgueirar pelos becos próximos ao Iceberg Lounge. Eles escolheram o dia e o local errado.. Eu salto pelos telhados, recorrendo ao meu arpéu quando o espaço exige e caio na frente deles. Minha voz sai como um rosnado:

Não dificultem... Quero saber sobre a Mulher-Gato e quero que se entreguem.

Bruce Wayne era o principal motivo de preocupação de Barbara Gordon. Do outro lado da linha, Barbara agia com cautela enquanto respondia para Batman. A ruiva tinha certeza que o homem estava se afundando cada vez mais no trabalho por não saber como lidar ainda com a morte de seu arqui-inimigo. Por um lado, Barbara sentia-se aliviada, pois aquela risada não mais ecoaria em Gotham. Por outro, tinha quase certeza que a morte do Coringa tinha levado uma parte de Batman consigo.

Oráculo: Certo. Os últimos registros conseguidos pelo Robin mostram que os principais hospitais foram neutralizados, mas vou realizar algumas triangulações para outras fontes.

Os homens trajavam roupas de frio. Pareciam antigos soldados do Pinguim, usando aquelas vestimentas. O frio castigava Gotham naquele final de inverno, mas a sensação mal atingia Batman. Antes do Morcego surpreendê-los, os homens tinham uma curiosa conversa.

- Esse lugar só faz maluco.
- Conta uma novidade!
- Não! Sério! O pior é que as namoradas dos malucos endoidam também!
- Como assim, cara?
- Tipo a Arlequina e o Coringa, a Mulher-Gato e o Batman, e a Hera Venenosa e... e... e...
- E quem?
- Sei lá! Ela deve namorar alguma coisa, tipo um Monstro do Pântano, talvez!

Batman os surpreende naquele momento. Os homens se posicionam, mas nenhum deles avança. Era como se recordassem das outras vezes que o Morcego estivera ali.

- A-a gente não sabe de nada, cara! Eu juro! -S-s-sai daqui!!!

Mas o outro já emite opinião contrária.

- Eu só sei que ela tava envolvida numas tretas com o Crocodilo! É tudo que sei. Não joga aquela m%$#@ congelante em mim!

Aí eles voltam a discutir.

- Não era pra gente falar Crocodilo, cara! Era pra dizer que era o Duas Caras, idiota!
- Aí, foi mal...
- Ow, m^%$@!

Parecia que Batman precisaria arrancar a verdade da maneira mais dolorosa.